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Dama de Sol

De uma forma ou de outra saí da cadeira de balanço... Enquanto me balançava na varanda de uma casa de bonecas, percebi que me privava de mim e do sabor maravilhoso de estar enganada.  O desengano virou veneno em minhas veias. Hoje, como sobrevivente, me encontre por aí... Correndo, caminhando, sangrando, amando, enlouquecendo, sorrindo, chorando, vivendo!  Equilibrando-me entre as telhas das casas, pulando pelos telhados, fugindo do sistema corruptível, falocêntrico e inaceitável... Me encontrando com minha essência. Ser mulher é ser feroz porque o nosso faro não nos engana.  Submissas a quem verdadeiramente  ama nossa alma indomável pelos dessabores vividos. Omissas aos que exigem e esperneiam por respeito como se o devêssemos.  Caça e caçadoras, guerreiras o dia inteiro. Mas a noite, nos despimos. Nos desfazemos nos amores e no silêncio.  Eu, meus olhos profundos, meus cabelos serrados e meu corpo adoentado amam repousar nos braços de quem me quer inteira sem porém ou tempo escasso.

Disforme

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Nada mais sou que uma alma cansada e sedenta por humanidade A deformidade interna sempre foi precoce  Mas percorro as estradas da vida com rastros de cor e luz  Sinto alívio nas têmporas  Um alívio imperceptível por ser inigualável Ao mesmo tempo ausente e enfadonha  O peso do vazio faz tanto vácuo que me sinto pressionada  Como se todos os meus órgãos quisessem expurgar Essa sensação, um cansaço de tentar manter tudo do lado de dentro Ou pelo menos por perto  Perto de quem sou em essência Soltem essas xícaras!  Corram livres e nuas pelas florestas densas e frias Gritem, loucas de desprazer e ausências As louças não podem assemelharem qualquer construção caótica Muito menos as cadeiras da mesa de jantar O maior exemplo de como ser exclusivamente solitária  Tendo missões de amar em desordens emocionais É incoerente ao tipo de alma que selvagem cede à natureza bela e rica em mistérios sombrios O Deus e a Deusa e todas as demais dualidades Onde me cabe sombrear e ser amada por inteira Mai

Lady Eclipse

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Eles disseram ser transtorno bipolar. A sonda até o estômago, esvaziando-me das frustrações. Lá no mundo de Elvis, ao som de "Can't help falling in love", meus dedos dançavam.  Em outubro, no dia das trevas, completo um ano que nasci. Mas não sou daqui e não entendi até agora por que não consegui partir. Eu sou tão feliz quando fecho meus olhos e me esforço para que meus pensamentos me levem a concluir que a vida é bela. Ela de fato é... A condição química não me cega, mas essas tempestades trazem angústias infinitas. As quatro estações desnorteadas não impedem a chuva no verão ou na primavera. Enquanto isso vivo por eclipses, onde a lua e o sol se amam e a terra e a lua dançam. Não é ironia! Eu precisei criar um lindo amanhecer dentro de mim, pintado com tintas lacrimais. O futuro é uma ideia, sempre foi.  As palavras são esbeltas por tanto correrem em minha mente. E os questionamentos "por quê?" e "pra quê?", já são filhos adotivos e mimados que mama

Mermaid

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Hoje vou contar como é ser só... Na tenra idade lançada em poço d'água, onde fui afogada incontáveis vezes, tornei-me sereia... E cantei. Perguntaram-me, "que fazes aí? Saia e vá explorar o mundo!" . É trabalhoso explicar pra mim mesma o porquê, imagine para todos esses visitantes cheios de entusiasmo e compaixão. Eles pensam estar apaixonados mas na verdade estão fascinados pelo canto magnífico e tórrido. Já as almas serenas ficam, apreciam a força e integridade, admiram tudo por aqui mas não conseguem mergulhar. Vão e retornam, inúmeras vezes, trazendo afagos, presentes e abraços, algumas histórias e estórias interessantes do dia-a-dia. Uma amizade telepática e perspicaz!  Eu compreendo e as amo tanto!  O dia parece noite porque não há luz quando se mergulha mas o instinto se aperfeiçoa e sempre pude ter a percepção sensível que me traz muito mais do que vivo.  De repente, os figuras se levantam, "tudo muito lindo por aqui mas agora preciso ir." Eu

Estranhamente

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Guardei suspiros e caprichos... Guardei sorriso e alegria Quando ele se expressa, todos observam  Como um sol em meu sonho Tantos beijos, tantas farpas Mas lá, ele é carnaval  É energia vital Eu pedia discrição  Mas com a viola, ele era contramão No fim, voltei para casa As paredes consolavam meus anseios E as fofocas embaixo do travesseiro Despertaram minha saudade Coração pela metade... Metade sonhar, a outra a cantar A plantinha espantada Expressava sigilo ao nosso amor Que vontade de abraçar  Segurar esse sonho com força! Dançar sem música, entrelaçar...  Respirar sua pele a me amar BeaGio' -

Sra. Caos

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Todos podem achar que por ter beleza peculiar, ela é mimada e bem tratada.  Mas o fato é o contrário.  Os homens pensam: "- por ser assim tão bela, deve ter sido bajulada por todos, eu não serei mais um".  Todos pensam o mesmo!  E ninguém faz ideia do quanto é solitário ser peculiar em simetria e traços marcantes. É solitário e por vezes ácido. Passam amores e todos iguais... Tirando os primeiros que por grau de compatibilidade e idade exalavam sonhos e eternidade ao meu lado, ao ponto de achar que seríamos únicos um para o outro, por toda a vida. Adolescentes imaturos demais pra construir qualquer relacionamento sólido (digo isso mais sobre mim) Não me isento da responsabilidade de cuidar bem do meu jardim mas a mulher bela que envelhece como o vinho gera uma maturidade ímpar e acaba entendendo o que é ser só estando acompanhada.  Se olha no espelho, tão dona de si, vê o corpo belo jogado a própria sorte, olhos profundos e carregados de dor por causa da proteção e afeto que

Olá morte,

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Continua cheia de vida, como uma criança na ciranda e no parque de diversões. Sedenta por devolver vida às peles frias, sugadas pelos servos do acaso que perambulam em busca de adrenalina e vitalidade e que arrancam uns dos outros por aqui. Dizem viver em abundância e dizem estar sofrendo tanto quanto, não percebem o quanto sugam dos que já nem tem mais. Morte, você é uma criança envelhecida, suas cores e seu brilho são tamanhos que empresta a todo aquele que é escolhido pra brincar com você.  Quando for minha vez estarei aqui, já estou pronta pra você. Eu já não tenho mais vida. Olhe só e não seja injusta.

A única verdade

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O amor não é real Mera invenção da vaidade É um filtro imaginário Pra vida ser menos insuportável E aqueles que descobrem essa verdade  Enlouquecem Porque questionam suas próprias perversidades  Quando exigiram tudo em nome de algo que nem existe B'gio

Fragmentada

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Sou amada em fragmentos  Em momentos em personas Todo um corpo criado pra ser amado Toda essa corrida, eu não preciso dela Eu sou amada em visitas, em instantes  Eu fico e o mundo gira e se enrola Eu me estico e respiro Planos que vem, planos que vão Eu fico aqui, eu amo aqui Porque aqui o amor visita Se deita, repousa, sonha  Depois se vai pra que outro venha Consegui manter o que foi perfeito Esse é o meu troféu e meu respirar A lembrança em fragmentos Eternos e cobertos de amar Prevalecem por todo viver Pra que viva uma só vez Em cada gesto de olhar B'gio

Embriagar

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Estender as mãos Estender os tendões Exprimir a injúria  Honrar presentes que a vida dá  E, por fim, ser Sê tu o templo Sê tu a ferida Sê tu o despojo Sê tu o contento E, por fim, rir Ri de mim com boca pálida Ri de ti com boca azul Azul do mar que te lava Passa dia em uma tábua Como há de girar o conto E, por fim, ir Ir de mim Ir-te de ti Irmos com quem nos estende Entendidos de tédio Irmos de cólera e absinto Irmos de mordaças Irmos de vozes cansadas E, por fim a sós Presos à cadeira Presos à pauladas Presos à angústia Presos à nada Presos a nós mesmos Presos à verdades A Lei da caridade E, por fim, li Ideais colidiram-se Somos todos um Em nome do Rei Rei que nos criou Dize a teu próximo: 'Amo a ti sobre todas as coisas' Dize ao Rei: 'Protegerei a tua criação' Dize a ti mesmo: 'Sou riso ao encontro de mim' E, por fim: fim. Beatriz Giomarelli     (Art: Marlina Vera)

Café das cinco III

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Olá, solidão Quanto tempo não falamos Você nunca mais voltou desde que o conheci Ele não te deixa aproximar... Hoje vim te procurar pra dizer: "Meus dias sem você são aterrorizantes Pois o amor é um álibi perfeito para o bom humor Porém não há prazer em amar É mais solitário que a tua companhia Como se fossem fantasmas Como se as torres fossem de areia E os sorrisos, pinturas de Dali Como se as aves no céu fossem traços do teu pincel Como se o sentir todo fosse devorado Pelos giros molhados da linda mulher que dança em sua tela" Eu te disse tudo isso e me responde apenas:  "Você veio a mim tão fugaz Extraiu de mim tudo tão depressa Tornou-se só e tão completa Agora seja eterna" Eu gritei pela tua escultura Você me lapidou assim bela De olhar profundo, de mente insana A escultura ganhou vida Que estremece vidas incertas Porque sim, eu o sou Peço perdão ao que te inspirou Quem me cedeu ao mundo Já sabia que eu seria por inteira Inteiramente amor Inteiramente dor Intei