Dama de Sol
De uma forma ou de outra saí da cadeira de balanço... Enquanto me balançava na varanda de uma casa de bonecas, percebi que me privava de mim e do sabor maravilhoso de estar enganada. O desengano virou veneno em minhas veias. Hoje, como sobrevivente, me encontre por aí... Correndo, caminhando, sangrando, amando, enlouquecendo, sorrindo, chorando, vivendo! Equilibrando-me entre as telhas das casas, pulando pelos telhados, fugindo do sistema corruptível, falocêntrico e inaceitável... Me encontrando com minha essência. Ser mulher é ser feroz porque o nosso faro não nos engana. Submissas a quem verdadeiramente ama nossa alma indomável pelos dessabores vividos. Omissas aos que exigem e esperneiam por respeito como se o devêssemos. Caça e caçadoras, guerreiras o dia inteiro. Mas a noite, nos despimos. Nos desfazemos nos amores e no silêncio. Eu, meus olhos profundos, meus cabelos serrados e meu corpo adoentado amam repousar nos braços de quem me quer inteira sem porém ou tempo escasso.